terça-feira, dezembro 21, 2010

Apêndice



Um tweet aqui, lendo notícias ali, mas o dia de ontem não sai dos meus pensamentos... Despedir-se é doloroso!
Não há palavras que apazigúem um coração enlutado. Nesses momentos aprendi que o melhor é não falar. A tristeza já grita o suficiente, já sufoca...
Embora aquele momento seja o ponto final da vida terrena não sei usar nada além do que reticências.
Recorrentemente, vem a minha memória a imagem de uma amiga que perdeu o pai e o irmão em um trágico acidente. Conhecia ambos e a amiga era mais que amiga... Daquelas que você considera como uma irmã ou como a família que Deus permitiu que você escolhesse... O significado do vínculo era/é esse.
Sentia-me culpada por não saber consola - lá, mas não existe consolo!
É excruciante... Dor que lancina, como ela mesma dizia, é o coração que sangra, é alma que grita, é chão que desaparece, é perde-se!
Nesses momentos nunca sei como agir. É difícil saber o que fazer quando as emoções asfixiam...
Abraço, choro e até digo algumas palavras que se resumem em “estou aqui, caso precise”.     
Nada traduz melhor a dor da despedida do que as lágrimas!
É como agora. Não tenho palavras, tenho lágrimas.

Danielle Faria.

domingo, dezembro 19, 2010

Pessoa do Singular


"Fui ao encontro de mim. Calma, alegre, plenitude sem fulminação.
Simplesmente, eu sou eu, você é você. É livre, é vasto, vai durar.
Eu não sei muito bem o que vou fazer em seguida mas, por enquanto, olha pra mim, e me ama! Não! Tu olhas pra ti e te amas.
É o que está certo." Clarice Lispector.


Pessoa do singular


Depois que ele se foi, o reflexo não parecia ser o mesmo
Levou parte dela sem pedir licença ou permissão
A imagem que o espelho refletia era tudo,
Mas o todo não a contemplava, então, só restava o nada.

Que sensação estranha a solidão trouxe
Como é possível não reconhecer o próprio o rosto?
O mesmo espelho, o mesmo rosto, a mesma maquiagem, mas o reflexo é o de uma alma opaca e dilacerada.

Procura desesperadamente pelo toque que não pode mais sentir.
Pelos beijos que não estão ali... Tudo tornou-se difuso demais!

Talvez os lábios dela só fossem lábios no encontro com os dele.
Talvez seu corpo só se sentisse vivo pelo olhar que o reconhecia e o admirava.
Talvez os momentos de entrega total, ultrapassaram o limite do momento e se eternizaram.
Uma entrega eterna... Que irracional! Isso não tem devolução, imagine! - “Olá, pode devolver parte da minha alma? Do meu tempo? Dos meus amigos?” E se ele te pedir o mesmo? - Atordoada, ela refletia tal hipótese.
Não há como voltar e ponderar!
O reflexo é esse que se apresenta gostando dele ou não.

Resta o recomeço.
Recolha o que remanesceu: as partes do seu coração, os fragmentos da sua alma e chore sobre o que ficou, lamente pelo que se foi, se assim desejar, mas recomece.
Ao recomeçar aprenda a não entregar sua vida em uma bandeja e não aceite uma bandeja com vida de ninguém. Isso não é amor! É servidão!
Refaça sua imagem, resgatando velhos hábitos e criando novos: volte ao ballet, ligue para seus amigos, faça um happy hour, aprenda a surfar, volte a estudar...
Aprenda a caminhar sem ele por mais doloroso que seja não ouvir o som do par de passos que sempre a acompanhava.
Tente enxergar os detalhes que antes eram invisíveis!
Seu sorriso voltará em um momento de pura distração.

Danielle Faria.
 

sábado, dezembro 18, 2010

Dias Atípicos

Não estou certa se esse seria o melhor título: "Dias Atípicos". Vivo dias, no mínimo diferentes, mas o assunto principal da postagem é sobre minha intolerância ao silêncio que fala.
Minha habitual irritabilidade diante do não-dito...
Não quero me arriscar e ser grosseira... Não me agrada ouvir nem proferir insultos.
Martha, por gentileza, traduza com classe meu momento colérico.

A Voz Do Silêncio

 
Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.

Simples, rápido! E quanta força!  

Imediatamente me veio à cabeça situações
em que o silêncio me disse verdades terríveis,
pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.

Silêncios que falam sobre desinteresse,
esquecimento, recusas.

Quantas coisas são ditas na quietude,
depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo,
nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão.
Só ele permanece imutável,

o silêncio, a ante-sala do fim.

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir,
pois ao menos as palavras que são ditas
indicam uma tentativa de entendimento.

Cordas vocais em funcionamento
articulam argumentos,
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos
que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica,
ouvimos um dos dois gritar:
"Diz alguma coisa, mas não fica
aí parado me olhando!"

É o silêncio de um, mandando más notícias
para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações
em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha
com uma britadeira na rua,
o silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche,
o silêncio é um presente.
Para os seguranças de um show de rock,
o silêncio é um sonho.

Mesmo no amor,
quando a relação é sólida e madura,
o silêncio a dois não incomoda,
pois é o silêncio da paz.

O único silêncio que perturba,
é aquele que fala.
E fala alto.
 

É quando ninguém bate à nossa porta,
não há emails na caixa de entrada
não há recados na secretária eletrônica
e mesmo assim, você entende a mensagem 

Martha Medeiros.

Obrigada Martha por traduzir em palavras o sentimento que me ofendia, tripudiava, atacava, ironizava... Geralmente, gosto de traduzir eu mesma a calmaria ou a inquietude, a satisfação ou o desagrado, mas as palavras desapareceram. Grata!

quinta-feira, dezembro 16, 2010

Levanta-te do berço esplêndido!



Já me cansei dos legados desse país!
Chega de explicações para tantos erros!
_"Isso acontece devido à economia predominantemente extrativista e mercantil nos tempos Brasil - Colônia". Conheço essa história desde a 5ª série, ou antes, talvez.
_"Tal transição advinda da Revolução Industrial, consubstancia-se nas escolas por práticas que visam o adestramento do indivíduo". Poxa vida! Tentaram me adestrar durante treze anos! Será que pensam que nunca percebi? Indisciplinada que nada! Era questionadora. Depois conseguiram me calar, mas a voz está de volta, tenaz e intrépida.

Quero deixar claro que não menosprezo as explicações, pelo contrário, as estudo.
O que me incomoda é permanecer nas divagações.
Quando criança ouvia sem cessar que era o futuro do país. Esse futuro chegou, carrego uma herança que precisa de transformações e o incentivo que recebo é uma camisa de força embrulhada em papel machê.
Que país interessado em mudanças!

Não me contento com migalhas.
Minha alegria não se resume em futebol e carnaval. Quero mais!

Chega de justificar o injustificável, tentando basear as teorias numa época em que navios, supostamente, caíam num abismo ao sumir no horizonte.
Faz tempo que todos sabem que a Terra não é como uma pizza, apesar de tudo neste país acabar em pizza.
Ah! Para os que acham que a alienação está somente aqui, entre o "povão", uma breve e simples constatação: varrer a sujeira para debaixo do tapete é uma prática ineficaz... Já não cabem mais entulhos nele e a bagunça logo aparece.
E, por favor, parem de tentar ludibriar as pessoas escondendo o óbvio com a peneira. É ridículo o fato de, ainda, não terem compreendido que a peneira é furada!

Lembram-se daquela aluna que ficava na fila em frente à bandeira nacional?
A criança de uniforme azul-marinho, saias pregueadas, meias brancas, sapato preto que ouvia atentamente, os discursos sobre o futuro da nação ao som do Hino Nacional? Aquela criança sou eu e o futuro chegou!
Já ficamos tempo demais deitados em berço esplêndido! 

Danielle Faria. 

Silencioso desabafo... De quem pouco ou nada entende de política, mas que acompanha envergonhada as reuniões que não duram dez minutos e todos deputados concordam com o aumento do próprio salário, dentre os incontáveis escândalos que cresci assistindo.
A escala de priodade do nosso país é vergonhosa!

Para reflexão: Entrevista com Ana Beatriz Barbosa Silva MENTE MENTIRA - Entrevista da revista Poder de dezembro

domingo, dezembro 12, 2010

Letra e Melodia

Eu, Danielle e meu irmão Luiz Alberto, o Bebeto.



_ "Precisa de rimas?" - Perguntei enquanto escrevia a letra.
_ "Não necessariamente".  - Respondeu brevemente.

Testava alguns arranjos e tentava me explicar o compasso. Como ele mesmo sugeriu: - "Tente sentir o encontro da letra com a melodia... Assim..." Cantarolava: -“Nã... Nã... Nã... Tãnãnã... Nã...” - Fizeram sentido na hora. Não é difícil sentir o som doce que tintila...
Uma pausa e mais perguntas.
 
_"Isso são duas notas para uma mesma palavra?" - Indagava escorregando o dedo no papel.
Balançou a cabeça como quem diz: "Cada Pergunta!" e mirou o conjunto de palavras. 
Depois ele respondeu: "Deixa-me pensar... Um minuto". - E sorriu para mim.
 
“Balas perdidas
Almas vazias     
Gente caminhando sem direção
Perdendo a letra e a melodia da canção.”
As palavras ganhavam vida ao som do violão.
Quando pensei que a letra era a parte mais fácil, ele perguntou: "E se mudássemos aqui?"
Seus dedos rápidos testavam notas e encaixavam algumas palavras.
Então respondi: "Ritmo gostoso, mas você deu um salto aqui! (risos). Quase criou outra música! Faltou coesão... Que tal assim?" : “Dias quentes... Noites estreladas... Guerras sem espadas... (Sei lá!)”
 
Nascia uma canção.
Nascia a parceria entre letra e melodia.
Nascia um encontro diferente entre dois irmãos... 
Um encontro inédito entre a minha letra e a melodia dele. Bom, não estou certa dessa separação. A criatividade se misturou, ficando impossível precisar limites. Limites pra quê?
 

Danielle Faria.

segunda-feira, dezembro 06, 2010

SUA escrita, MINHAS interpretações



As palavras são únicas e cada pessoa é atingida pelas mesmas de diferentes formas.
Na leitura, há o encontro do enredo - seja ficção, drama, suspense, ou aventura - com a história de vida de cada um. É nesse encontro, que as palavras de alguém, que você nem conhece, ganham um significado especial... Ganham um lugar de destaque na sua estante e no seu coração.

Recentemente, as palavras de uma escritora avivaram minha sede pela busca do conhecimento. E olha que já me considerava bem sedenta!
O que se segue é a minha interpretação acerca da escrita da Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva que, carinhosamente, chamo de Ana.
 
Dra Ana Beatriz - lançamento do livro Mentes e Manias (Livraria Argumento, Leblon-RJ).
Foto retirada do site:
http://www.medicinadocomportamento.com.br/midias_fotografias2.php

O trabalho da Ana me encanta porque sua escrita tem melodia.
Suas palavras são poesia.
É a ciência humanizada! Não é fria, nem distante... É acolhedora!
Ora desorganiza, ora oferece respostas às inquietações, ora desencadeia risadas, ora denuncia e ora traduz a indignação com tanta propriedade que chego a pensar que suas palavras são minhas.

Despertam uma profusão de sentimentos em descompasso e, concomitantemente, ritmados! É paradoxal, eu sei!

Atingem meu âmago...

O sentimento que a leitura provoca está intrínseco ao sentimento direcionado a quem escreve: gosto do que leio como gosto da Ana.
Ou será o contrário?
Admiro sua postura profissional e pessoal na mesma proporção que admiro sua escrita.
Quem sabe onde começa e termina? Eu não sei!

Ana, continue escrevendo e encantando.
Suas palavras sempre terão lugar proeminente na minha estante e no meu coração.

Abraço sempre carinhoso,
Danielle Faria.

INFORMAÇÕES: Ana Beatriz é psiquiatra e escritora. Autora de sete livros que recomendo: 
Bullying: mentes perigosas nas escolas.
Mentes Perigosas: o psicopata mora ao lado.
Mentes Inquietas:TDAH-desatenção,hiperatividade e impulsividade.
Mentes & Manias.
Mentes com Medo: da compreensão à superação. Em OUTUBRO/2011, o livro Mentes com Medo estará disponível - revisto e ampliado: MENTES ANSIOSAS.
Mentes Insaciáveis: anorexia, bulimia e compulsão alimentar
Sorria, você está sendo filmado  (em parceria com o publicitário Eduardo Mello).
Para mais informações acesse o site: http://www.medicinadocomportamento.com.br
Twitter: @anabeatrizpsi e @mcomport


domingo, dezembro 05, 2010

A história começa...

 "A infância é medida por sons, aromas e visões, antes que o tempo obscuro da razão se expanda." Jonh Betjaman

O movimento das nuvens sempre aguçou minha imaginação.
Talvez porque o céu não tenha limites.
Talvez porque meus pensamentos nunca desejaram a inércia.
Talvez porque na imensidão azul encontrava a paz que minha mente criativa tanto desejava...
Longe das proibições da escola, longe das borrachas intrometidas apagando a imaginação alheia...
O céu era o lugar perfeito!
Era deitada no quintal, ao lado do banco de madeira...
No extenso balanço sob as parreiras...
Que centenas de histórias eram inventadas.
O céu era como um livro a espera de rabiscos.
Deitada, onde quer que fosse, sentia que aquele infinito com páginas celestinas esperava minha assinatura.

Nesse contexto, nasceu a história do coelho Castão.


O que se segue são minhas vagas lembranças das muitas histórias que inventei deitada no enorme quintal onde nasci e cresci, ao lado dos meus familiares.
Mirava uma nuvem e logo ela já tinha formas, nomes, adjetivos...
Sempre achei que havia algo errado com os meus pensamentos, mas minha mãe dizia que eles eram ligeiros e ricos em imagens. Dessa forma, articulava enredos dignos de uma "pequena contadora de história", assim falava vovó quando minhas primas faziam uma roda para ouvir-me. Todas deitadas com seus olhos direcionados para o céu.

A história do Coelho Castão

Aquele era o coelho Castão. Muito sabido, peralta e vivia aprontando. Quando olhava para o céu e via suas orelhas atrás da grande “Pedra Espetada” - uma nuvem informe cheia de pequenos algodões pontiagudos - sabia que alguma travessura Castão havia aprontado.
Desta vez, ele comeu toda a plantação de cenouras do Rei Pança que o procurava aos berros nas costas do seu robusto elefante.
Sua voz era rouca e exageradamente grave!
Parece que o vento adivinhou que os passos largos e pesados do elefante iriam passar pelas campinas e assoprou bem forte espalhando as nuvens onde os camponeses trabalhavam.
O vento assoprou e o Rei Pança passou rumo a “Pedra Espetada”.
_"Saia daí Castão comilão! Saia e devolva minhas cenouras. Vejo suas orelhas pontudas... Não adianta se esconder!" - Esbravejava o rei Pança.
O vento bem que havia avisado, mas as nuvens que abrigavam os camponeses eram muito curiosas e se aproximavam da “Pedra Espetada” e do Rei Pança.
A nuvem informe cheia de pequenos algodões pontiagudos - a "Pedra Espetada” – se encolhia e as orelhas do coelho Castão ficavam cada vez mais visíveis sob os raios refulgentes do sol.
Sentindo-se encurralado, o coelho Castão começou a gritar: _ "Nem mais um passo elefante Trompete! Pare de andar e se afaste carregando esse rei barrigudo, caso contrário, o segredo das cenouras será revelado".
A tromba do Trompete esticou como um elástico.
A tromba era uma nuvem muito comprida que quase fundiu-se com a “Pedra Espetada” - lembram? Aquela pedra com algodões ponteagudos que servia de esconderijo para coelho Castão.
Todo esse esforço do elefante Trompete só para calar o tagarela Castão, mas foi tudo em vão!
O céu virou uma anarquia! 
O rei Pança começou a inflar como se fosse um balão e exigia explicações.
Até o vento que queria distância  foi metediço. Ligeiro, ele empurrou todas as nuvens tornando a confusão ainda maior.
O rei inflava... A trompa do Trompete esticava... As nuvens camponesas de ouvidos atentos chegavam cada vez mais perto, pois queriam saber qual era o grande segredo que coelho Castão iria revelar.
Decidido o coelho Castão gritou para o rei Pança : "_Suas cenouras estão na tromba do Trompete. Ele as esconde, pois não aguenta carregar um rei com essa volumosa pança! Você é pesado demais!"
O elefante Trompete com um estrondoso grito expulsou as cenouras pela sua tromba.
Assistindo tamanha traição, o rei Pança inflou, inflou, inflou... E ao inflar, ele ficou ainda maior e todas as nuvens se encontraram provocando uma verdadeira explosão!
Depois, o silêncio! - Psiu! - O céu se acalmou e as nuvens, agora, pareciam minúsculas, pois é isso que acontece quando todas as nuvens explodem. 
A tromba do Trompete espalhou as cenouras pelas plantações e tirou o coelho Castão de mais uma enrascada.
Amanhã o rei Pança escreverá um novo decreto, proibindo que as cenouras aumentem sua barriga, mas só amanhã, pois nesse momento, o rei inflado descansa em seu castelo, porque explodir provoca bocejos e sono.

O sol foi descansar, o rei Pança ligou o seu abajur e também adormeceu na sua enorme cama.
Todos do reino sabiam que ele dormia, pois bastava colocar o abajur na tomada real que as estrelas acendiam e iluminavam o céu inteiro. Assim, nascia a noite estrelada...

Danielle Faria.


Espero que tenham gostado! Abraços!
 

Casos sem acasos




Certa vez, durante uma atividade escolar, desenhei um céu tal como minha imaginação o criara.
No centro, um garboso sol.
Nas laterais, linhas côncavas davam vida aos pássaros... Todo o céu era atravessado pelas cores do arco-íris, que faziam o maior espalhafato entre os pássaros, o vento e as nuvens.
E, por último, as nuvens salpicavam o colorido céu.

Contagiada pelo meu entusiasmo, os lápis pareciam ter vida própria. Até o opaco e menosprezado lápis branco teve seu momento de glória quando pintava as nuvens da minha criação.

Como era de costume, a professora pediu que relatássemos nossos desenhos.
Caminhei até o tablado onde a carteira da professora se encontrava e contava entusiasmada a história de minha autoria sobre a festa no céu, até que fui interrompida pela professora.

- "Seu céu não tem nuvens". Afirmou a professora com calma.
Sem pestanejar, respondi, apontando o dedo para o desenho:  -  "As nuvens estão aqui!"
A professora explicou-me que o papel era branco, portanto, deveria colorir minhas nuvens de azul – "Se quer seu céu com nuvens, colora-as de azul". Repetiu a professora.

Saí do tablado com a “cara amarrada” e com passos firmes.
Peguei o lápis azul e observei, disfarçadamente, o olhar de satisfação da professora. Enquanto coloria murmurava: - "Aonde já se viu nuvens azuis!"

Traçados azuis na vertical, na horizontal, ziquezaqueando... Pronto! Desenho com nuvens!
Caminhei novamente até o tablado, mas, desta vez, fui mostrar o resultado da minha criação.
Colori toda a extensão da folha de azul. De uma extremidade a outra, deixando espaços em branco na imensidão celeste para dar vida às nuvens que antes estavam mórbidas.

Com um sorriso largo e discretamente desafiador disse: - "Aqui estão as minhas nuvens professora!"
A professora sorriu e nos seus olhos não haviam sinais de descontentamento. Com um gesto acolhedor sussurrou: - "Escolheu o caminho mais difícil! Se fosse menos teimosa já teria acabado seu desenho, como seus colegas". Após dizer isso, apontou para os meus lápis gastos.

Aliviada por não levar uma bronca respondi, agora, com a voz mansa: - "Tia, se eu fosse menos teimosa, teria um céu sem nuvens".
Voltei para o meu assento sob o som dos risos dos meus colegas.
Mas nada importava porque no meu céu tinha  nuvens brancas!

Danielle Faria.


quarta-feira, dezembro 01, 2010

Ouvindo as crianças: minha maior e melhor escola


Ontem cheguei em casa por volta das 21 horas.
Assistia duas apresentações teatrais.
A segunda peça reproduzia um espetáculo circense. Todos os personagens estavam lindos, bem produzidos e entusiasmados.

Destaco um personagem: o palhaço.

Calças largas e coloridas... Suspensório... Rosto pintado, desenhando um espaçoso sorriso. 
 Era o típico e conhecido palhaço: nariz vermelho, roupas espalhafatosas...
Meus olhos estavam atentos nas crianças que se organizavam nas poltronas da Casa de Cultura, quando acompanhei o pequeno palhaço cabisbaixo.
Observei seus passos tímidos descerem o carpete vermelho rumo aos bastidores. Do seu lado um adulto que julguei ser a sua mãe.

As mãos pequenas do palhaço pareciam grandes demais. Não encontravam lugar cômodo: mão na boca, ajeitava as calças, prendia os dedos de uma mão na outra, enxugava o suor, limpava a pintura que ficara nas unhas arrastando-as na blusa...

Hora do espetáculo!

-"Hoje tem marmelada? Hoje tem goiabada?" – Assim o pequeno palhaço dava início ao show. Tudo estaria normal se não fossem as lágrimas, os soluços, os suspiros do palhaço... Uma respiração ofegante... Era o próprio Pierrot!
Debaixo de toda aquela maquiagem e do falso sorriso , havia uma criança nervosa que chorava na presença de centenas de expectadores. Mesmo aos prantos, ele ia à frente do palco e entonava a voz.
Eu, na lateral do palco, acenava com a cabeça indicando que estava se saindo muito bem.

O palhaço saiu de cena e a psicóloga entrou em cena com milhões de questionamentos: - Já orientei... Já expliquei... Nenhuma criança precisa participar das peças teatrais, caso não queira. Será que foi pressionado a entrar em cena? - Um monólogo mental irritadiço que durou poucos segundos. 
Sentado na escada ela chorava... Uma criança de cinco  anos na pele de um palhacinho.

- "Por que está chorando?" Perguntei após um longo abraço.
- "Estou nervoso!" Respondeu-me brevemente.
- "Não precisa voltar ao palco. Podemos assistir o resto do teatro da plateia, o que acha?"
Precisei fazer um esforço incalculável para entender sua voz que saía entre soluços e suspiros: - "Preciso voltar sim!" Falou o pequeno palhaço com a voz insistente.
Mais que depressa perguntei: – "Por que você precisa voltar ao palco?"
- "Porque se eu não voltar, como saberei se venci o meu medo?" Respondeu-me.
Aprendo tanto com as crianças!
- "Você é corajoso, sabia? Volte ao palco e enfrente o que quiser. Estarei lá embaixo, caso precise. Estarei torcendo e esperando por você".
Saí de cena, deixando o brilho do palhaço e assistindo a alegria de um vencedor!

Danielle Faria.

sexta-feira, novembro 12, 2010

Prólogo

Apresento o prólogo do livro que escrevo.
Peço que comentem. É importante saber a opinião de vocês, já que pretendo publicá-lo.
A imagem requer explicação...
Ela exemplifica com clareza a quantidade de artigos, periódicos e livros (livros são dois) que precisam de conclusão.
      
Minutos antes da aparente calmaria, Pedro e Mônica conversavam sobre o arrombamento do cofre do senhor Silas. Nenhum objeto se perdeu e aparentemente tudo estava em seu devido lugar, no entanto, senhor Silas ficou exageradamente tenso. Interrogou os empregados sob ameaças de morte.
- O velho está ficando caduco! Sussurrou Mônica se aproximando dos ouvidos de Pedro.
- Senhor Silas coleciona incontáveis esquisitices, admito, mas sempre foi metodicamente organizado e está longe de perder o juízo – Silas esboçou um sorriso discreto como quem acha graça dos seus próprios pensamentos... Certamente lembrou-se de alguma esquisitice de Silas e teve certeza que a redundância “metodicamente organizado” que utilizara para descrever o comportamento do seu velho amigo era mais que apropriada, e continuou a conversar, agora, em um tom desconfiado – Imagino que o Senhor Silas não se exaltaria se metade de seus investimentos tivessem se perdido na noite do arrombamento, afinal, que falta isso faria? Ele poderia comprar um continente se quisesse.
Mônica arregalou os olhos e por um minuto parecia que o ar havia fugido pelas janelas do salão. Nunca imaginou que o senhor para quem trabalhava há dez anos tinha tanto dinheiro. Quando recuperou o fôlego, murmurou com aspereza – Velho pão-duro! Vou pedir aumento de salário! E prosseguiu com o seu raciocínio, mas sua expressão havia mudado – Não entendo porque o senhor Silas se comportou daquele jeito... Ameaçando nos matar? - Sua voz parecia engasgada como se seu coração tivesse sido atravessado por um punhal.
- Minha velha amiga, tente perdoá-lo por este episódio de insanidade. Sei que foi lamentável... – O olhar triste de Pedro encarava o rosto de Mônica e ela assentiu com a cabeça indicando que compreendia aquelas palavras, mas Pedro quis completar seu pensamento. - Servimos ao senhor Silas tempo o suficiente para saber que ele é um bom homem. Ele só precisa de tempo para refletir... Sua mente ficou perturbada pelo que aconteceu e...
- E pensou que podia nos ofender daquela forma? Interrompeu Mônica visivelmente decepcionada.
Repentinamente, o diálogo cessou, pois o relógio de pêndulo holandês, talhado em madeira, anunciava que a manhã chegaria em poucas horas e os dois acharam melhor continuar a conversa em outra oportunidade. Eles se cumprimentaram e saíram silenciosamente pelo extenso corredor.
Ao lado da lareira, entre a mesa modelo aspen e a imponente estante de livros, repousava Lúcia. Sua respiração ofegante podia ser ouvida por todo o salão, mas ela estava só... Perdida entre pensamentos fragmentados.
Escondida pela penumbra do salão, a presença de Lúcia não foi notada pelos empregados, que caminhavam rumo aos seus aposentos.
Por alguns instantes seus olhos permaneceram fechados e seus pensamentos repassavam as palavras de Pedro e Mônica.

Silas - como Lúcia costumava chamar o avô – sempre foi misterioso demais. Lembro-me que quando criança dizia que seu escritório era território proibido e como em um jogo, obedecia às ordens do comandante. As palavras de Pedro faziam sentido... Silas agiu de um modo que me assustou e olha que estou habituada aos seus exageros e sua mente criativa... Criativa, para não dizer maluca. Refletia Lúcia.

Lúcia recordou da relação amigável que sempre teve com o avô. Das brincadeiras e dos discursos que pareciam inspirados pelos livros da Agatha Christie e Dan Brown e tentou abafar seu riso com a mão. Invadida pelas lembranças do avô, esforçou-se para retomar sua linha de pensamento e incomodou-se ao perceber que suas perguntas não a levariam a nenhuma conclusão.
-Por que Silas irritou-se daquela maneira? Perguntava para si mesma, mas como todos, ela não tinha nenhuma resposta.
O som do pêndulo do relógio atraía bocejos. O sono chegava paulatinamente e Lúcia brigava com seus olhos que insistiam em se fechar.  Esforçou-se para focar sua atenção nos quadros pendurados pelo salão, que a encantavam desce de criança, na tentativa de ludibriar o sono, mas em poucos minutos ela adormeceu aquecida pelo fogo da lareira, deixando seus cabelos longos e negros, escorregarem pelo seu rosto redondo e pálido. 


Danielle Faria. 

Sei que o conteúdo postado é curto, mas preciso conservar o mistério. Inicio o 4º capítulo e, aos poucos, o livro ganha forma e minha escrita caminha livremente.
Quando publicá-lo vocês estarão nos "agradecimentos".
Abraços e obrigada!
 

terça-feira, novembro 09, 2010

Comentários... http://www.gloriafperez.net/

O que se segue são três comentários que postei no blog da Glória Perez. 
Demorei um pouco para realizar postagem aqui... Afinal, são só comentários que escrevi em momento de grande emoção.
Visitem o blog da Glória! Conheçam a história da Daniella Perez! Conheçam a dançarina, a menina alegre, a filha carinhosa, a esposa amorosa, a Dany cheia de vida!
Conhecer a Dany pelos olhos da Glória emociona.


1º comentário:

Danielle 11. Aug, 2010 at 6:22 am #
Tinha nove anos…
Era um dia ensolarado na cidade de Arcos, interior de Minas Gerais.
Lembro que gostava de deitar no quintal e observar as nuvens que, cuidadosamente, desenhavam o céu.
Enquanto fantasiava sobre princesas, castelos, dragões – inspirada pelos movimentos das nuvens - o lado mais sombrio do ser humano me foi apresentado por duas pessoas: Guilherme de Pádua e Paula Thomaz.
Ouvi minha prima gritar: “Dani, a Daniella Perez morreu!”.
– Morreu? Como assim morreu? Estava doente? Assistimos ela na televisão ontem! Respondi.
Nesta época, minhas primas e eu brincávamos de interpretar. Em função da semelhança dos nossos nomes, sempre fazia a personagem da Daniella da novela “De corpo e Alma”.
Foi tudo confuso, doloroso demais…
Recordo que chorei o dia todo e me escondi entre as árvores do quintal com uma foto da Daniella nas mãos.
Ninguém compreendia o motivo de tantas lágrimas! 
Hoje consigo explicar porque chorei.
Naquele dia, meus castelos e princesas desapareceram. A crueldade deixou de ser abstrata e ganhou significado.
Uma vida interrompida… Não porque o corpo adoeceu! Não por acidente! Um ser humano decidiu que o outro não poderia mais viver. É difícil compreender isso quando se tem nove anos! Na verdade, ainda não compreendo.
A Daniella partiu levando com ela um mundo em que o mal não existia… O mundo em que eu habitava.
Cresci assistindo a impunidade.
Ainda hoje, quando olho as nuvens, lembro da Daniella com muito carinho.

2º comentário:

Danielle 12. Aug, 2010 at 3:32 am #
Ontem não consegui dormir depois de postar uma mensagem aqui no blog. Não conhecia esse espaço e só tive acesso ao mesmo porque você (Glória) escreveu uma mensagem no twitter.
Chorei muito porque ao assistir os vídeos, ver as fotos e os recados que a Dany escreveu, muitas lembranças reapareceram.

Hoje, por volta das onze horas, perguntei a minha mãe qual foi minha reação quando anunciaram a morte da Daniella. Fiquei surpresa diante da resposta… Quantas lembranças recalquei!
Escrevo estas palavras porque imagino que você, Glória, gostaria de ler…
Não é minha intenção que elas sejam publicadas. Afinal, esse é um espaço da Daniella e eu escrevo minha história… O encontro da história da Daniella com a vida da Danielle.

Uma caixa, uma foto e um batom vermelho:

Brincava de ser Yasmin…
Todos os dias a novela “De Corpo e Alma” era “reeditada” pelas minhas primas e eu ao brincar de faz de conta.
Certo dia, Yasmin desapareceu das cenas da novela e minha capacidade de “reeditar” se foi.
Aos nove anos já compreendia que a Yasmin era a personagem interpretada pela atriz Daniella. Se a Yasmin ganhou vida pela interpretação da Daniella e a vida da Daniella foi roubada, logo as duas se foram. Este foi meu raciocínio.
De acordo com minha mãe, fiquei apática durante dias e escutava incessantemente a música internacional da personagem Yasmin. Recusava os convites das minhas primas para brincar de faz de conta, alegando que não conseguia FAZER DE CONTA que a Daniella estava viva quando, na verdade, tinha sido furada por golpes de tesoura – segundo minha mãe, essas foram minhas palavras.
Todos os dias levava para escola uma foto-pôster da Daniella. Atrás da fotografia estava escrito: “Para minha xará, um beijo carinhoso. Adorei conhecer você!”
Como eu queria que essas palavras fossem reais! Mas elas não eram… Fui eu quem as escreveu.
Assim que descobriram minha “farsa”, fiquei sem recreio. Na época, não consegui argumentar e nem tinha entendimento para tanto, mas a “farsa” era para amenizar o impacto que a morte da Daniella provocou… Era a tentativa de vivenciar o que jamais teria chance de experimentar porque ela tinha partido.
Depois deste fato, existe uma lacuna e não recordo como reagi e/ou quando retomei as brincadeiras de faz de conta.
Motivada pelo comentário que postei no blog ontem, abri uma caixa de guardados e encontrei, dentre outras recordações, a foto da Daniella com minha escrita atrás. Achei, também, uma foto minha usando um batom vermelho imitando a posição da Dany na foto-pôster. E, por último, li um papel com as seguintes palavras: “Também adorei conhecer você Daniella! Você é linda! Tenho saudade!” (palavras escritas por mim… Não havia data).
Muitas perguntas nunca terão respostas… Tantos anos se passaram, mas foi no dia do aniversário da Dany, no ano de 2010, que muitas lembranças foram resgatadas. Uma coisa é certa e não mudou: “Adorei conhecer você Daniella! Você é linda! Tenho saudade!”
Sinto saudade do que não vivi…
Danielle Faria.
 3º comentário: A CARTA

Essa imagem diz tanto...
Danielle Faria 27. Nov, 2010 at 5:05 pm #
Poderia até explicar o contexto, mas é uma explicação longa demais.
Esse comentário, na verdade, é uma carta endereçada a Dany. Espaço mais apropriado que esse para deixar a carta não há (no caso, o espaço referido é no blog da Glória) .

Querida Dany,
Há tempos quero escrever-lhe, mas aconteceram tantos episódios depois daquele dia. As nuvens ficaram cinzentas, as princesas desapareceram e o universo fantasioso, onde eu vivia submersa, necrosou… Foi tudo tão confuso!
Sabe Dany, fiquei verdadeiramente perdida e criei várias teorias na tentativa vã de explicar o porquê da crueldade que fizeram a você. A razão era persistente e até teorizava em demasia, mas meu coração refutava qualquer tese. Desculpe minha reclusão e meu silêncio necessário.

Depois daquele dia…
Depois de ter experimentado o gosto amargo das lágrimas, voltei a brincar de faz de conta.
Se essas palavras tivessem sido escritas de imediato, ainda seria criança e, sem dúvida, contaria a novidade do faz de conta erguendo-me na ponta dos pés para alcançar seu ouvido e diria cochichando – aquele cochicho que só a criança acredita que os outros não estão ouvindo, porque a voz é tão “baixa” quanto um grito – Diria: “Dany, hoje consegui brincar de faz de conta… A Yasmin bateu no personagem-assassino e ele não faz parte da novela… Eu, brincando de ser Yasmin, o expulsei e agora você pode dançar. Mas aqui, não conta para minha mãe… Ficaria de castigo por bater em alguém”. Falaria isso aos oito/nove anos, Dany. Agora, é um pouco tarde para cochichar, mas sim, voltei a sorrir.
Penso que essa notícia a deixará contente porque a tristeza não me consumiu e não consumiu muitos que você ama.
Na verdade, o ser humano tem uma capacidade incrível de transformar a tragédia em força para seguir adiante!
Tenho certeza que compreende essa força mais do que minhas palavras dão conta de explicar. Veja sua mãe. Fez um blog – que você, indubitavelmente, conhece. Mesmo em momento de extrema dor ela lutou… Foi corajosa! Denunciou, mobilizou e deu à luz a primeira emenda popular da História do Brasil. 
Agora, ladrões de vidas não ficam passeando por ai a espera de julgamento. São presos!
As pessoas te amam e sentem sua falta… Eu também…

Sinto tanto Dany! Sinto muito pelo o que aconteceu… Por terem roubado os seus sonhos, levado seu sorriso, silenciado sua voz… Seu grito! Queria eu estar lá… Queria eu mudar a direção do punhal e jogá-lo no vazio!
Se eu estivesse lá… Se tantos outros que a amam estivessem, soubessem… A história seria outra.
Infelizmente, essa história já está escrita e sabemos que o “SE” só paralisa, sucumbe, perece… É como patinar num tremedal. Faz-se um esforço imensurável para sair do lugar e o resultado é afundar ainda mais.
A história está escrita e sigo adiante. Crescida demais para fazer de conta, mas madura o suficiente para compreender os fatos.
Existem tantas perguntas que queria fazer, tantos fatos que queria saber, mas em momento oportuno pergunto pessoalmente.
Se me permite… Só uma pergunta: que música mais gosta de dançar neste novo palco? 
É que daqui o som é inaudível e meu olhar não consegue acompanhar os passos da bailarina.
Saudade!
Abraços e até logo!
Dani.

Blog que recomendo: http://olharbeheca.blogspot.com/2010/04/guilherme-de-padua.html?spref=tw (Olhar comportamental - análise da entrevista do Guilherme de Pádua no programa do Ratinho)