quinta-feira, dezembro 27, 2012

Vinte anos sem Daniella Perez

Daniella Perez em Angra. Disponível em http://www.daniellaperez.com.br/?page_id=1845&nggpage=2
 
Não é fácil arrancar do peito qualquer sinal, mesmo que parco, de alegria quando a história que me inspira é encerrada brutalmente com um punhal em uma mão assassina.
Não é fácil recordar o brilho dos seus olhos sorridentes, tampouco o som da felicidade do seu riso quando tudo já se foi.
Parece que há um silêncio sepulcral, obscuro e disperso que me faz sentir e enxergar somente vultos tímidos dos seus dias dourados, onde a lua findava mansa e vagarosamente para te ninar até que o sol majestoso e radiante te despertava para a vida que só começava. Ah! E quanta vida! Quantos sonhos por vir!
Vinte anos se passaram desde que você foi arrancada do seio da sua família, Dany... Privada do seu direito de viver, de sorrir, de sonhar, de amadurecer, de fazer escolhas e de se arrepender dessas escolhas até! 
Dói na alma saber que você não pôde ver mais pores-do-sol, nem sentir a brisa fresca do litoral... Dói na alma imaginar os livros que você deixou de ler, as músicas que você não pôde cantar, as personagens que você poderia, mas no pôde interpretar.
É estranho pensar que o quadro da vida de alguém ficou incompleto em uma sala cheia de pincéis e tintas.
É estranho pensar que a colcha de retalhos de alguém deixou de ser costurada, mesmo havendo uma infinidade de carretéis, linhas e retalhos para compor cada pedacinho de uma história.
É estranho pensar que uma pessoa que exalava vida se foi... É como apagar as luzes de um palco no meio de um espetáculo. Isso não faz sentido! Quebra a ordem natural das coisas! Quebra o coração de quem ficou olhando para um palco vazio e escuro.
Confesso que meus recursos são escassos para escrever sobre os seus momentos de alegria, Dany, perdoe-me. Acho que as minhas palavras teimam em nascer em um horizonte insatisfeito.
Deixarei as minhas lágrimas caírem na esperança de abrandar a minha tristeza e que os ventos tragam o seu nome com a leveza que ele merece... Que esses mesmos ventos levem o carinho que tenho por você...E que eles corram ao seu encontro.

De coração,
Dani.

Danielle Faria.

Para saber mais sobre a atriz Daniella Perez, acesse o site : http://www.daniellaperez.com.br/ 

quarta-feira, setembro 05, 2012

Julga-me



Julga sem me conhecer
Conhece-me e julga
Julga pelo o que vê como se interpretasse um texto lendo um parágrafo a esmo
Julga pelo o silêncio que pensa compreender
E não compreende o que realmente é dito
Julga porque quer julgar, sem mais lá ou cá
Julga sem saber que a cadeira do indiciado é ciranda e movimenta sem cessar.
Hoje me olha como réu e esquece que o amanhã é porvir.
Então, o réu poderá ser você e, neste dia, deixarei vazia a cadeira de juiz.
Se minha ausência será juízo ou prejuízo não sei
Do que estou certa é que com ou sem o seu julgamento continuarei sendo eu mesma ao dormir e julgando arrisco-me a ser como a ti.
 
 
Danielle Faria.

quarta-feira, julho 11, 2012

Silêncio


Inquietante silêncio cá dentro
Rasga a noite,
Apaga o luar,
Deixa um rastro de solidão insone.


Tento povoar meus sonhos com as lembranças dos sorrisos e dos dias felizes.
Nada acontece.
O nada se alimenta de um vazio infindável...


Imenso silêncio da noite serena,
Quero ouvir o som do mar de mansas espumas!
E sentir o perfume das vivazes pedreiras mineiras concedido ao vento!
Leve-me contigo!





Danielle Faria.

terça-feira, junho 26, 2012

Pés descalços


O barulho da chuva...
É o cântico das nuvens...
São as lágrimas dos anjos...
Águas que caem sobre a terra sedenta

Os pés descalços driblavam as enxurradas
e desciam a ladeira para encontrar mais pés descalços
As risadas molhadas saltitavam como pingos de chuva nas folhas da mangueira
As vozes brincavam e se multiplicavam entre os vãos da pedreira milenar,
trazendo as lembranças do meu tempo de criança como uma linha bordadeira que parece encolher na medida em que desenha no tecido da minha memória

Brincávamos de contar cada “chuá”
- criança não tem medo de contar o infinito –
E corríamos rumo às pequenas rochas do terreno gramado
As rochas pareciam corcundas que a terra não conseguiu esconder,
Assim como as costas da senhora Badia que andava encurvada com um rosário na mão
Ela dizia que cada “Ave Maria” tinha o nosso nome porque só os anjos poderiam proteger a perigosa combinação: de pés descalços, dias chuvosos e pedra sabão.

Tinha chinelos... Vários pares até!
Mas com os chinelos não dava para sentir o chão
Gostava daqueles dias chuvosos
Com os pés descalços não havia distinção
Criança era só criança.

A brincadeira encerrava
Com o corpo e com a alma lavada
Voltávamos para a casa, mas a nossa alegria leve e levada
permanecia e caminhava - com os pés descalços - em passeios pela eternidade.


Danielle de Faria.

terça-feira, maio 08, 2012

O Bê-a-bá dos parlamentares




Texto escrito em 31/12/2010:


O humor tende ao exagero e é justamente o excesso que desencadeia risadas. Quem nunca deu boas gargalhadas assistindo Casseta e Planeta? O personagem que faz referência ao Luciano Huck, interpretado pelo humorista do programa "Casseta e Planeta", tem um nariz desproporcional que causaria dores cervicais em qualquer ser humano.
Outro personagem também interpretado pelo humorista do programa "Casseta e Planeta" é o Tony Ramos. Ele distribui chumaços de cabelo por onde passa.

Realmente um exagero! Mas o humor é assim mesmo.
Vida real é diferente!
Contudo, frequentemente, deparo com situações dignas de premiações “melhores do humor”. É aquela velha e conhecida frase “se não fosse trágico seria cômico”.

Meus caros, cômico não é!
Hoje, ao acordar, leio a seguinte notícia: “PT distribui cartilha e pede cuidado com grande imprensa" (Ricardo Noblat: O Globo http://t.co/2KMh7O6 via @AddThis).
Sinceramente, precisei ler o enunciado algumas vezes para entendê-lo. Tive o cuidado de conferir se realmente estava lendo os assuntos relacionados à política, porque tive a ligeira sensação de ler as páginas sobre a saúde. Penso que minha primeira leitura foi: _"imprensa igual à bactéria anthrax!". Apontaram a grande imprensa como algo perigoso.

Exagero? Talvez! No entanto, minha reação é proporcional ao absurdo das cartilhas distribuídas pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

Não entendo o porquê de tantas recomendações! A recomendação primeira é a lei e não deveria ter acréscimos.
Descontentamento não descreve meus sentimentos... Vivenciamos um emaranhado de contradições que não tem fim!
Há vários exemplos dessas contradições, mas analisemos somente um: a educação está envolvida em uma batalha secular que tenta romper com a ideia do ensino que REproduz porque precisamos de mudança. Para tanto, precisamos PRODUZIR - está tudo previsto na Lei de Diretrizes e Bases Curriculares da Educação... Parâmetros Curriculares Nacionais!
Formar cidadãos críticos é o objetivo, uma vez que PRODUZIR está diretamente relacionado ao sujeito que reflete, pensa e CRITICA. Ora, se esse é o objetivo (e não tenho dúvidas que seja) fiquemos atentos ao descompasso: nossos representantes não querem lidar com a crítica, mas discursam e se posicionam favoráveis a formação crítica. Que incongruência!


As justificativas são inúmeras: “a cartilha é somente uma orientação, a GRANDE imprensa manipula as informações (...)”. Que discurso mais retrô! Tenho direito de saber as opiniões e ter acesso as informações!

Não gosto desse exagero. Votei nos meus representantes acreditando na seriedade e na clareza das propostas que me foram apresentadas. Deixem os excessos para a programação de humor, na comédia o exagero é justificável e necessário.

Interpretações são subjetivas, mas, a meu ver, as cartilhas são uma tentativa de normatização dos comportamentos.

Seguindo essa lógica da padronização dos comportamentos, há uma sanção para os infratores. O que acontecerá com os parlamentares que desobedecerem a cartilha? Nessa altura não me surpreenderia se houvesse alguma penalidade, principalmente as aplicadas disfarçadamente.
Contudo, essas supostas sanções já são parte das minhas limitadas reflexões.
A tríade parece renascer - isso se algum dia ela morreu: o olhar hierárquico, o exame e a sanção normatizadora.
Sensação desagradável de déjà vu!
Não quero pagar para ver o desenvolvimento dessa história.

Espero que não apareçam outros "Tim Lopes" em valas por aí... Fiquemos atentos desde já, pois a cartilha traz subjacente uma ideia opressora.
Antes que seja tarde demais...

Danielle Faria.

quinta-feira, abril 05, 2012

AnaBia

Algumas rimas para desejar um feliz aniversário a querida Ana Beatriz Barbosa Silva que, carinhosamente, chamo de AnaBia.

 

Disponível em : https://twitter.com/#!/mcomport/media/slideshow?url=pic.twitter.com%2FYITO3Q2c


Lá no sudeste
De frente pro mar
Na paisagem celeste
Tem pólen de luar

Tem vento que assovia
Sonhos do tamanho da alma
Ouço: - AnaBia!
Voz apressadamente calma

Lá do sudeste, a mineira espia
A ideia que enlaça a palavra, AnaBia!
Laço que desfaz embaraço
Como um acolhedor abraço

AnaBia é nome de constelação
Transforma palavra quebrada em canção
É suave brisa que visita os ares mineiros
É a doutora das Mentes que escreve nos corações com caneta tinteiro

Marca e fica!


Danielle Faria.








quarta-feira, janeiro 18, 2012

Inominável


Eu não a vi... Era tarde demais para um último “até logo” e ela se foi.
Passou tão rápido em direção ao céu, mas pude sentir o vento desenhando um caminho que ziguezagueava rumo ao infinito.

Sem mais palavras...

Até logo!

Danielle Faria.

terça-feira, janeiro 17, 2012

Reflexões de uma adolescente

Estimo que essa escrita é do ano 1999/2000, época em que fazia o "Ensino Médio".
Uma folha pálida que achei dentro da minha antiga apostila de "Inglês".


Disponível em: http://somentecoisaslegais.com.br/2010/11/cartazes-criativos-do-designer-willian-sanfer/4701538848_a7c7eb2a95_z1/


Todos os anos as aulas de “Produção de Texto” ou as aulas de “Português” começam com uma produção textual nada inovadora. Às vezes, tenho a impressão que os meus professores reaproveitam o planejamento das aulas e os pincéis dos corretivos ensaiam passos, igualmente repetitivos, no último numeral do milhar: 1997 transforma-se em 1998, que se torna 1999...

Mudando do velho para o usado, o meu ano escolar começou com um texto – obrigatório – em que preciso discorrer sobre o complexo tema: “Quem sou eu?”.

Pior que o tema repetitivo, é a forma mentirosa que se traduz a minha escrita... Já decorei o percurso para ganhar um “visto” acrescido de um “excelente”, o que resultará em nota máxima.

Da última vez que fui criativa e elaborei um texto autêntico, ele foi rotulado de desrespeitoso... A professora se sentiu ofendida - acho que ficou particularmente incomodada com o parágrafo em que resgato parte da minha infância e a preocupação da minha mãe e da minha avó com a familiaridade que parecia haver entre a minha cabeça e o chão. O bom humor da escrita soou como afronta, assim imaginei. Não enxergava outros motivos e ninguém me deu outros para que eu pudesse refletir. Então...

Na época da possível “afronta”, quis responder: _ “Como um texto em que descrevo e desenvolvo sobre a perspectiva de ‘Quem sou eu?’ pode agredir o outro? Devo pedir desculpas por existir?”. Pensei e calei. Na verdade, ser filha de professora nem sempre é fácil. Todos esperam (exigem!) uma perfeição inexistente. É como se esperassem versos, rimas e parcimônia onde há crônicas, caos e muitos questionamentos.

A saída foi fingir saber sobre a minha vida e escrever o tal “Quem sou eu”... Um texto tão primário como um acróstico. E para premiar a farsa ganhei um falso “visto” acompanhado de um fingido “excelente”.

Farei um “Quem sou eu?” extra para aliviar minha consciência mentirosa.

Danielle Faria.

Obs.: Quando reli esse texto fiquei com aquela impressão que alfineta e acusa: _"Que horror! Parece que você (eu) odiava escola e as aulas em que precisava produzir textos". Um pensamento equivocado, pois essas eram as minhas aulas prediletas. Depois de pensar sobre o assunto, lembrei que minhas críticas eram relacionadas aos textos com temas livres que de "livre" só tinha o nome. Era uma "liberdade" acompanhada de um "mas", "contudo", "porém"... Penso que a escrita nasceu devido a uma breve revolta.