quarta-feira, janeiro 18, 2012

Inominável


Eu não a vi... Era tarde demais para um último “até logo” e ela se foi.
Passou tão rápido em direção ao céu, mas pude sentir o vento desenhando um caminho que ziguezagueava rumo ao infinito.

Sem mais palavras...

Até logo!

Danielle Faria.

terça-feira, janeiro 17, 2012

Reflexões de uma adolescente

Estimo que essa escrita é do ano 1999/2000, época em que fazia o "Ensino Médio".
Uma folha pálida que achei dentro da minha antiga apostila de "Inglês".


Disponível em: http://somentecoisaslegais.com.br/2010/11/cartazes-criativos-do-designer-willian-sanfer/4701538848_a7c7eb2a95_z1/


Todos os anos as aulas de “Produção de Texto” ou as aulas de “Português” começam com uma produção textual nada inovadora. Às vezes, tenho a impressão que os meus professores reaproveitam o planejamento das aulas e os pincéis dos corretivos ensaiam passos, igualmente repetitivos, no último numeral do milhar: 1997 transforma-se em 1998, que se torna 1999...

Mudando do velho para o usado, o meu ano escolar começou com um texto – obrigatório – em que preciso discorrer sobre o complexo tema: “Quem sou eu?”.

Pior que o tema repetitivo, é a forma mentirosa que se traduz a minha escrita... Já decorei o percurso para ganhar um “visto” acrescido de um “excelente”, o que resultará em nota máxima.

Da última vez que fui criativa e elaborei um texto autêntico, ele foi rotulado de desrespeitoso... A professora se sentiu ofendida - acho que ficou particularmente incomodada com o parágrafo em que resgato parte da minha infância e a preocupação da minha mãe e da minha avó com a familiaridade que parecia haver entre a minha cabeça e o chão. O bom humor da escrita soou como afronta, assim imaginei. Não enxergava outros motivos e ninguém me deu outros para que eu pudesse refletir. Então...

Na época da possível “afronta”, quis responder: _ “Como um texto em que descrevo e desenvolvo sobre a perspectiva de ‘Quem sou eu?’ pode agredir o outro? Devo pedir desculpas por existir?”. Pensei e calei. Na verdade, ser filha de professora nem sempre é fácil. Todos esperam (exigem!) uma perfeição inexistente. É como se esperassem versos, rimas e parcimônia onde há crônicas, caos e muitos questionamentos.

A saída foi fingir saber sobre a minha vida e escrever o tal “Quem sou eu”... Um texto tão primário como um acróstico. E para premiar a farsa ganhei um falso “visto” acompanhado de um fingido “excelente”.

Farei um “Quem sou eu?” extra para aliviar minha consciência mentirosa.

Danielle Faria.

Obs.: Quando reli esse texto fiquei com aquela impressão que alfineta e acusa: _"Que horror! Parece que você (eu) odiava escola e as aulas em que precisava produzir textos". Um pensamento equivocado, pois essas eram as minhas aulas prediletas. Depois de pensar sobre o assunto, lembrei que minhas críticas eram relacionadas aos textos com temas livres que de "livre" só tinha o nome. Era uma "liberdade" acompanhada de um "mas", "contudo", "porém"... Penso que a escrita nasceu devido a uma breve revolta.