O que se segue são três comentários que postei no blog da Glória Perez.
Demorei um pouco para realizar postagem aqui... Afinal, são só comentários que escrevi em momento de grande emoção.
Visitem o blog da Glória! Conheçam a história da Daniella Perez! Conheçam a dançarina, a menina alegre, a filha carinhosa, a esposa amorosa, a Dany cheia de vida!
Conhecer a Dany pelos olhos da Glória emociona.
1º comentário:
Danielle 11. Aug, 2010 at 6:22 am #
Tinha nove anos…
Era um dia ensolarado na cidade de Arcos, interior de Minas Gerais.
Lembro que gostava de deitar no quintal e observar as nuvens que, cuidadosamente, desenhavam o céu.
Enquanto fantasiava sobre princesas, castelos, dragões – inspirada pelos movimentos das nuvens - o lado mais sombrio do ser humano me foi apresentado por duas pessoas: Guilherme de Pádua e Paula Thomaz.
Ouvi minha prima gritar: “Dani, a Daniella Perez morreu!”.
– Morreu? Como assim morreu? Estava doente? Assistimos ela na televisão ontem! Respondi.
Nesta época, minhas primas e eu brincávamos de interpretar. Em função da semelhança dos nossos nomes, sempre fazia a personagem da Daniella da novela “De corpo e Alma”.
Era um dia ensolarado na cidade de Arcos, interior de Minas Gerais.
Lembro que gostava de deitar no quintal e observar as nuvens que, cuidadosamente, desenhavam o céu.
Enquanto fantasiava sobre princesas, castelos, dragões – inspirada pelos movimentos das nuvens - o lado mais sombrio do ser humano me foi apresentado por duas pessoas: Guilherme de Pádua e Paula Thomaz.
Ouvi minha prima gritar: “Dani, a Daniella Perez morreu!”.
– Morreu? Como assim morreu? Estava doente? Assistimos ela na televisão ontem! Respondi.
Nesta época, minhas primas e eu brincávamos de interpretar. Em função da semelhança dos nossos nomes, sempre fazia a personagem da Daniella da novela “De corpo e Alma”.
Foi tudo confuso, doloroso demais…
Recordo que chorei o dia todo e me escondi entre as árvores do quintal com uma foto da Daniella nas mãos.
Ninguém compreendia o motivo de tantas lágrimas!
Recordo que chorei o dia todo e me escondi entre as árvores do quintal com uma foto da Daniella nas mãos.
Ninguém compreendia o motivo de tantas lágrimas!
Hoje consigo explicar porque chorei.
Naquele dia, meus castelos e princesas desapareceram. A crueldade deixou de ser abstrata e ganhou significado.
Uma vida interrompida… Não porque o corpo adoeceu! Não por acidente! Um ser humano decidiu que o outro não poderia mais viver. É difícil compreender isso quando se tem nove anos! Na verdade, ainda não compreendo.
A Daniella partiu levando com ela um mundo em que o mal não existia… O mundo em que eu habitava.
Cresci assistindo a impunidade.
Naquele dia, meus castelos e princesas desapareceram. A crueldade deixou de ser abstrata e ganhou significado.
Uma vida interrompida… Não porque o corpo adoeceu! Não por acidente! Um ser humano decidiu que o outro não poderia mais viver. É difícil compreender isso quando se tem nove anos! Na verdade, ainda não compreendo.
A Daniella partiu levando com ela um mundo em que o mal não existia… O mundo em que eu habitava.
Cresci assistindo a impunidade.
Ainda hoje, quando olho as nuvens, lembro da Daniella com muito carinho.
2º comentário:
Danielle 12. Aug, 2010 at 3:32 am #
Ontem não consegui dormir depois de postar uma mensagem aqui no blog. Não conhecia esse espaço e só tive acesso ao mesmo porque você (Glória) escreveu uma mensagem no twitter.
Chorei muito porque ao assistir os vídeos, ver as fotos e os recados que a Dany escreveu, muitas lembranças reapareceram.
Chorei muito porque ao assistir os vídeos, ver as fotos e os recados que a Dany escreveu, muitas lembranças reapareceram.
Hoje, por volta das onze horas, perguntei a minha mãe qual foi minha reação quando anunciaram a morte da Daniella. Fiquei surpresa diante da resposta… Quantas lembranças recalquei!
Escrevo estas palavras porque imagino que você, Glória, gostaria de ler…
Não é minha intenção que elas sejam publicadas. Afinal, esse é um espaço da Daniella e eu escrevo minha história… O encontro da história da Daniella com a vida da Danielle.
Não é minha intenção que elas sejam publicadas. Afinal, esse é um espaço da Daniella e eu escrevo minha história… O encontro da história da Daniella com a vida da Danielle.
Uma caixa, uma foto e um batom vermelho:
Brincava de ser Yasmin…
Todos os dias a novela “De Corpo e Alma” era “reeditada” pelas minhas primas e eu ao brincar de faz de conta.
Certo dia, Yasmin desapareceu das cenas da novela e minha capacidade de “reeditar” se foi.
Todos os dias a novela “De Corpo e Alma” era “reeditada” pelas minhas primas e eu ao brincar de faz de conta.
Certo dia, Yasmin desapareceu das cenas da novela e minha capacidade de “reeditar” se foi.
Aos nove anos já compreendia que a Yasmin era a personagem interpretada pela atriz Daniella. Se a Yasmin ganhou vida pela interpretação da Daniella e a vida da Daniella foi roubada, logo as duas se foram. Este foi meu raciocínio.
De acordo com minha mãe, fiquei apática durante dias e escutava incessantemente a música internacional da personagem Yasmin. Recusava os convites das minhas primas para brincar de faz de conta, alegando que não conseguia FAZER DE CONTA que a Daniella estava viva quando, na verdade, tinha sido furada por golpes de tesoura – segundo minha mãe, essas foram minhas palavras.
Todos os dias levava para escola uma foto-pôster da Daniella. Atrás da fotografia estava escrito: “Para minha xará, um beijo carinhoso. Adorei conhecer você!”
Como eu queria que essas palavras fossem reais! Mas elas não eram… Fui eu quem as escreveu.
Assim que descobriram minha “farsa”, fiquei sem recreio. Na época, não consegui argumentar e nem tinha entendimento para tanto, mas a “farsa” era para amenizar o impacto que a morte da Daniella provocou… Era a tentativa de vivenciar o que jamais teria chance de experimentar porque ela tinha partido.
Todos os dias levava para escola uma foto-pôster da Daniella. Atrás da fotografia estava escrito: “Para minha xará, um beijo carinhoso. Adorei conhecer você!”
Como eu queria que essas palavras fossem reais! Mas elas não eram… Fui eu quem as escreveu.
Assim que descobriram minha “farsa”, fiquei sem recreio. Na época, não consegui argumentar e nem tinha entendimento para tanto, mas a “farsa” era para amenizar o impacto que a morte da Daniella provocou… Era a tentativa de vivenciar o que jamais teria chance de experimentar porque ela tinha partido.
Depois deste fato, existe uma lacuna e não recordo como reagi e/ou quando retomei as brincadeiras de faz de conta.
Motivada pelo comentário que postei no blog ontem, abri uma caixa de guardados e encontrei, dentre outras recordações, a foto da Daniella com minha escrita atrás. Achei, também, uma foto minha usando um batom vermelho imitando a posição da Dany na foto-pôster. E, por último, li um papel com as seguintes palavras: “Também adorei conhecer você Daniella! Você é linda! Tenho saudade!” (palavras escritas por mim… Não havia data).
Muitas perguntas nunca terão respostas… Tantos anos se passaram, mas foi no dia do aniversário da Dany, no ano de 2010, que muitas lembranças foram resgatadas. Uma coisa é certa e não mudou: “Adorei conhecer você Daniella! Você é linda! Tenho saudade!”
Sinto saudade do que não vivi…
Sinto saudade do que não vivi…
Danielle Faria.
3º comentário: A CARTA
Essa imagem diz tanto... |
Danielle Faria 27. Nov, 2010 at 5:05 pm #
Poderia até explicar o contexto, mas é uma explicação longa demais.
Esse comentário, na verdade, é uma carta endereçada a Dany. Espaço mais apropriado que esse para deixar a carta não há (no caso, o espaço referido é no blog da Glória) .
Esse comentário, na verdade, é uma carta endereçada a Dany. Espaço mais apropriado que esse para deixar a carta não há (no caso, o espaço referido é no blog da Glória) .
Querida Dany,
Há tempos quero escrever-lhe, mas aconteceram tantos episódios depois daquele dia. As nuvens ficaram cinzentas, as princesas desapareceram e o universo fantasioso, onde eu vivia submersa, necrosou… Foi tudo tão confuso!
Sabe Dany, fiquei verdadeiramente perdida e criei várias teorias na tentativa vã de explicar o porquê da crueldade que fizeram a você. A razão era persistente e até teorizava em demasia, mas meu coração refutava qualquer tese. Desculpe minha reclusão e meu silêncio necessário.
Sabe Dany, fiquei verdadeiramente perdida e criei várias teorias na tentativa vã de explicar o porquê da crueldade que fizeram a você. A razão era persistente e até teorizava em demasia, mas meu coração refutava qualquer tese. Desculpe minha reclusão e meu silêncio necessário.
Depois daquele dia…
Depois de ter experimentado o gosto amargo das lágrimas, voltei a brincar de faz de conta.
Depois de ter experimentado o gosto amargo das lágrimas, voltei a brincar de faz de conta.
Se essas palavras tivessem sido escritas de imediato, ainda seria criança e, sem dúvida, contaria a novidade do faz de conta erguendo-me na ponta dos pés para alcançar seu ouvido e diria cochichando – aquele cochicho que só a criança acredita que os outros não estão ouvindo, porque a voz é tão “baixa” quanto um grito – Diria: “Dany, hoje consegui brincar de faz de conta… A Yasmin bateu no personagem-assassino e ele não faz parte da novela… Eu, brincando de ser Yasmin, o expulsei e agora você pode dançar. Mas aqui, não conta para minha mãe… Ficaria de castigo por bater em alguém”. Falaria isso aos oito/nove anos, Dany. Agora, é um pouco tarde para cochichar, mas sim, voltei a sorrir.
Penso que essa notícia a deixará contente porque a tristeza não me consumiu e não consumiu muitos que você ama.
Na verdade, o ser humano tem uma capacidade incrível de transformar a tragédia em força para seguir adiante!
Tenho certeza que compreende essa força mais do que minhas palavras dão conta de explicar. Veja sua mãe. Fez um blog – que você, indubitavelmente, conhece. Mesmo em momento de extrema dor ela lutou… Foi corajosa! Denunciou, mobilizou e deu à luz a primeira emenda popular da História do Brasil.
Penso que essa notícia a deixará contente porque a tristeza não me consumiu e não consumiu muitos que você ama.
Na verdade, o ser humano tem uma capacidade incrível de transformar a tragédia em força para seguir adiante!
Tenho certeza que compreende essa força mais do que minhas palavras dão conta de explicar. Veja sua mãe. Fez um blog – que você, indubitavelmente, conhece. Mesmo em momento de extrema dor ela lutou… Foi corajosa! Denunciou, mobilizou e deu à luz a primeira emenda popular da História do Brasil.
Agora, ladrões de vidas não ficam passeando por ai a espera de julgamento. São presos!
As pessoas te amam e sentem sua falta… Eu também…
As pessoas te amam e sentem sua falta… Eu também…
Sinto tanto Dany! Sinto muito pelo o que aconteceu… Por terem roubado os seus sonhos, levado seu sorriso, silenciado sua voz… Seu grito! Queria eu estar lá… Queria eu mudar a direção do punhal e jogá-lo no vazio!
Se eu estivesse lá… Se tantos outros que a amam estivessem, soubessem… A história seria outra.
Infelizmente, essa história já está escrita e sabemos que o “SE” só paralisa, sucumbe, perece… É como patinar num tremedal. Faz-se um esforço imensurável para sair do lugar e o resultado é afundar ainda mais.
A história está escrita e sigo adiante. Crescida demais para fazer de conta, mas madura o suficiente para compreender os fatos.
Existem tantas perguntas que queria fazer, tantos fatos que queria saber, mas em momento oportuno pergunto pessoalmente.
Se me permite… Só uma pergunta: que música mais gosta de dançar neste novo palco?
Se eu estivesse lá… Se tantos outros que a amam estivessem, soubessem… A história seria outra.
Infelizmente, essa história já está escrita e sabemos que o “SE” só paralisa, sucumbe, perece… É como patinar num tremedal. Faz-se um esforço imensurável para sair do lugar e o resultado é afundar ainda mais.
A história está escrita e sigo adiante. Crescida demais para fazer de conta, mas madura o suficiente para compreender os fatos.
Existem tantas perguntas que queria fazer, tantos fatos que queria saber, mas em momento oportuno pergunto pessoalmente.
Se me permite… Só uma pergunta: que música mais gosta de dançar neste novo palco?
É que daqui o som é inaudível e meu olhar não consegue acompanhar os passos da bailarina.
Saudade!
Abraços e até logo!
Dani.
Saudade!
Abraços e até logo!
Dani.
Blog que recomendo: http://olharbeheca.blogspot.com/2010/04/guilherme-de-padua.html?spref=tw (Olhar comportamental - análise da entrevista do Guilherme de Pádua no programa do Ratinho)
Mesmo conhecendo antecipadamente estes comentários, não consigo refrear a emoção! Imagino o que passou e percebo como amadureceu e aprendeu a lidar com sua vida... bom saber que você não quis mais ser Yasmin e seguiu como Danielle!!!
ResponderExcluirSer Yasmin era o faz de conta da criança Danielle, mas dizer NÃO ao faz de conta no momento da dor... do luto... Foi enfrentar a realidade, por mais terrível que ela fosse.
ResponderExcluirNossa Chambinho! (Ih! Contei o apelido! rs)
ResponderExcluirSeus comentários me levaram para um cinema. Um telão na minha cabeça! A prima que você cita era eu ou a Sarah?
Você não se lembra, mas eu sim! Voltou a brincar de faz de conta depois de uma "reeditagem" da novela, em que você bateu e muito no Bira (era esse o nome do personagem do assasino da Danielle Perez?)
A psicóloga é você. Minha área é a fisioterapia. Deixo as interpretações para você.
Bjo de esquimó!
Seu comentário preencheu parte da lacuna que fiz referência no 2º comentário. Obrigada!
ResponderExcluirAcho que a prima que me gritou não foi você... Ou foi a Sarita ou a Mi.
Beijo de esquimó Lala!
Dani, minha flor azul de rara beleza... que texto lindo! Muito mais que uma expressão de carinho é um momento profundo de contato consigo para elaboração dessa dor. Sei que tem tempo que esse texto foi escrito e fico feliz com sua maturidade... super bjo e obrigado por mais essa jóia de sentimentos que nos deu!!!
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