terça-feira, outubro 05, 2010

A primeira orquestra


O cheiro do café invade meu quarto fazendo cócegas no meu nariz e desperta-me de uma noite de sono tranquilo.
Feixes de luz dançam entre os tecidos da cortina, embalados pela brisa leve e suave da manhã.
Meus olhos preguiçosamente se abrem e em meus pensamentos pode-se escutar o bom dia da vida que se renova.
Estico meu corpo como se quisesse alcançar o infinito e ele agradece meu gesto com um grande e largo bocejo.
Os pés tocam e riçam o tapete felpudo provocando cócegas e risos tímidos.
Vacilante meu corpo ergue-se... Pequenos e discretos estalos das articulações avisam que tudo está em equilíbrio para os primeiros passos.  

O cheiro do café...
O barulho dos vasilhames...
O cantarolar da vizinha desafinada em contraste com a canção do bem-te-vi...
O som da água que hidrata as plantas da varanda...
O cheiro de grama cortada e de pergaminho novo... 
É a manhã que se anuncia como uma orquestra. Em perfeita sincronia com os sentidos: olfato, visão, paladar, tato e audição.
Orquestra que se apresenta todos os dias, bela e afinada para os que desejam senti-la.

Danielle Faria

3 comentários:

  1. Palavras perfeitas para descrever um momento perfeito... obrigado por rememorar o que poucas vezes percebo e noto!!!

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  2. Você disse certo, uma orquestra perfeita para quem DESEJA senti-la. Tudo que você disse pode acontecer todos os dias durante a nossa vida e a gente ao menos percebê-los ou tratá-los com consideração. A beleza está mesmo nos olhos de quem vê.

    Bjus linda

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  3. ‎"Olhos que olham são comuns. Olhos que vêem são raros." (J. Oswald Sanders) E eu acrescento: Ouvidos que ouvem são comuns. Ouvidos que escutam são raros.

    Beijos, querida
    Eliana

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