terça-feira, maio 08, 2012

O Bê-a-bá dos parlamentares




Texto escrito em 31/12/2010:


O humor tende ao exagero e é justamente o excesso que desencadeia risadas. Quem nunca deu boas gargalhadas assistindo Casseta e Planeta? O personagem que faz referência ao Luciano Huck, interpretado pelo humorista do programa "Casseta e Planeta", tem um nariz desproporcional que causaria dores cervicais em qualquer ser humano.
Outro personagem também interpretado pelo humorista do programa "Casseta e Planeta" é o Tony Ramos. Ele distribui chumaços de cabelo por onde passa.

Realmente um exagero! Mas o humor é assim mesmo.
Vida real é diferente!
Contudo, frequentemente, deparo com situações dignas de premiações “melhores do humor”. É aquela velha e conhecida frase “se não fosse trágico seria cômico”.

Meus caros, cômico não é!
Hoje, ao acordar, leio a seguinte notícia: “PT distribui cartilha e pede cuidado com grande imprensa" (Ricardo Noblat: O Globo http://t.co/2KMh7O6 via @AddThis).
Sinceramente, precisei ler o enunciado algumas vezes para entendê-lo. Tive o cuidado de conferir se realmente estava lendo os assuntos relacionados à política, porque tive a ligeira sensação de ler as páginas sobre a saúde. Penso que minha primeira leitura foi: _"imprensa igual à bactéria anthrax!". Apontaram a grande imprensa como algo perigoso.

Exagero? Talvez! No entanto, minha reação é proporcional ao absurdo das cartilhas distribuídas pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

Não entendo o porquê de tantas recomendações! A recomendação primeira é a lei e não deveria ter acréscimos.
Descontentamento não descreve meus sentimentos... Vivenciamos um emaranhado de contradições que não tem fim!
Há vários exemplos dessas contradições, mas analisemos somente um: a educação está envolvida em uma batalha secular que tenta romper com a ideia do ensino que REproduz porque precisamos de mudança. Para tanto, precisamos PRODUZIR - está tudo previsto na Lei de Diretrizes e Bases Curriculares da Educação... Parâmetros Curriculares Nacionais!
Formar cidadãos críticos é o objetivo, uma vez que PRODUZIR está diretamente relacionado ao sujeito que reflete, pensa e CRITICA. Ora, se esse é o objetivo (e não tenho dúvidas que seja) fiquemos atentos ao descompasso: nossos representantes não querem lidar com a crítica, mas discursam e se posicionam favoráveis a formação crítica. Que incongruência!


As justificativas são inúmeras: “a cartilha é somente uma orientação, a GRANDE imprensa manipula as informações (...)”. Que discurso mais retrô! Tenho direito de saber as opiniões e ter acesso as informações!

Não gosto desse exagero. Votei nos meus representantes acreditando na seriedade e na clareza das propostas que me foram apresentadas. Deixem os excessos para a programação de humor, na comédia o exagero é justificável e necessário.

Interpretações são subjetivas, mas, a meu ver, as cartilhas são uma tentativa de normatização dos comportamentos.

Seguindo essa lógica da padronização dos comportamentos, há uma sanção para os infratores. O que acontecerá com os parlamentares que desobedecerem a cartilha? Nessa altura não me surpreenderia se houvesse alguma penalidade, principalmente as aplicadas disfarçadamente.
Contudo, essas supostas sanções já são parte das minhas limitadas reflexões.
A tríade parece renascer - isso se algum dia ela morreu: o olhar hierárquico, o exame e a sanção normatizadora.
Sensação desagradável de déjà vu!
Não quero pagar para ver o desenvolvimento dessa história.

Espero que não apareçam outros "Tim Lopes" em valas por aí... Fiquemos atentos desde já, pois a cartilha traz subjacente uma ideia opressora.
Antes que seja tarde demais...

Danielle Faria.