sábado, dezembro 18, 2010

Dias Atípicos

Não estou certa se esse seria o melhor título: "Dias Atípicos". Vivo dias, no mínimo diferentes, mas o assunto principal da postagem é sobre minha intolerância ao silêncio que fala.
Minha habitual irritabilidade diante do não-dito...
Não quero me arriscar e ser grosseira... Não me agrada ouvir nem proferir insultos.
Martha, por gentileza, traduza com classe meu momento colérico.

A Voz Do Silêncio

 
Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.

Simples, rápido! E quanta força!  

Imediatamente me veio à cabeça situações
em que o silêncio me disse verdades terríveis,
pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.

Silêncios que falam sobre desinteresse,
esquecimento, recusas.

Quantas coisas são ditas na quietude,
depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo,
nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão.
Só ele permanece imutável,

o silêncio, a ante-sala do fim.

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir,
pois ao menos as palavras que são ditas
indicam uma tentativa de entendimento.

Cordas vocais em funcionamento
articulam argumentos,
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos
que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica,
ouvimos um dos dois gritar:
"Diz alguma coisa, mas não fica
aí parado me olhando!"

É o silêncio de um, mandando más notícias
para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações
em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha
com uma britadeira na rua,
o silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche,
o silêncio é um presente.
Para os seguranças de um show de rock,
o silêncio é um sonho.

Mesmo no amor,
quando a relação é sólida e madura,
o silêncio a dois não incomoda,
pois é o silêncio da paz.

O único silêncio que perturba,
é aquele que fala.
E fala alto.
 

É quando ninguém bate à nossa porta,
não há emails na caixa de entrada
não há recados na secretária eletrônica
e mesmo assim, você entende a mensagem 

Martha Medeiros.

Obrigada Martha por traduzir em palavras o sentimento que me ofendia, tripudiava, atacava, ironizava... Geralmente, gosto de traduzir eu mesma a calmaria ou a inquietude, a satisfação ou o desagrado, mas as palavras desapareceram. Grata!

Um comentário: